Julho 2020 | Entrevista Mentor Rui Alves
A IPStartUp conta com uma equipa de tutores e mentores especializados em diferentes áreas e este mês fomos falar com o nosso mentor Rui Alves.
Consultor independente para a área tecnológica e professor do ensino superior. Divide a sua atividade entre a consultoria nas áreas de negócios tecnológicos e desenvolvimento de software e a de Assistente Convidado na Escola Superior de Ciências Empresariais no Instituto Politécnico de Setúbal, onde leciona, desde 2010, em áreas como E-Business, Inovação e Estratégia Empresarial, Empreendedorismo e Avaliação de Projetos. É também Certified Professional e Certified Developer pela Microsoft, autor de vários softwares em várias áreas de gestão empresarial, consultor de diversas startups tecnológicas e mentor na incubadora de startups do Instituto Politécnico de Setúbal (IPStartUp) para as áreas de IT e Modelos de Negócio.
IPStartUp - O que é que o motivou a aceitar o desafio de ser mentor dos empreendedores no IPS? Como tem sido essa experiência?
Rui Alves - Eu sempre tive uma enorme paixão pela criação de negócios e produtos. Desde 1999 que decidi seguir a “carreira” de empreendedor e sempre gostei de passar a minha experiência e de ajudar outros no mesmo caminho. Alguns anos depois de ingressar no IPS como assistente convidado fui me envolvendo em diversos projetos de alunos e percebi que existia um enorme potencial empreendedor nos estudantes da nossa instituição. Depois surgiu o convite da IPStartUp, onde comecei a colaborar mais de perto com as incubadas e com alguns projetos do Poliempreende e a experiência revelou-se magnifica e muito gratificante até ao momento. Tenho aprendido imenso com o potencial, a criatividade e capacidade de trabalho de muitos dos nossos jovens alunos. O contacto com outros colegas de outras áreas também tem sido enriquecedora pois, para além da troca de experiências, todos trabalhamos para um mesmo objetivo: ajudar a aumentar o potencial empreendedor dentro do IPS e capacitar os nossos alunos de ferramentas e soft skills para a criação dos seus próprios negócios. Esse é o desafio que mais me atrai como mentor.
IPStartUp - Na sua opinião, qual a importância do Poliempreende e da IPStartUp para a comunidade académica?
Rui Alves - Eu diria que a importância é enorme e que tem aumentado ao longo dos anos. No caso da IPStartUp, esta tem ajudado muitos dos nossos alunos IPS a pensar e a trabalhar ideias, representando um apoio importantíssimo nos primeiros passos para quem pretende passar da ideia à criação do negócio real. Depois, importa salientar o trabalho que é feito pela IPStartUp em juntar equipas multidisciplinares, não só de equipas de alunos, mas também de docentes de várias áreas académicas. Na minha opinião, tal estratégia tem ajudado a uma maior colaboração entre as diversas escolas dentro da nossa instituição, revelando-se extremamente enriquecedor para toda a Comunidade IPS porque permite partilhar conhecimento e, ao mesmo tempo, desenvolver boas práticas com o objetivo de criar um verdadeiro ecossistema empreendedor dentro do Politécnico de Setúbal. E isto está à disposição de toda a Comunidade IPS, o que é incrível.
Quanto ao Poliempreende, eu diria que é uma oportunidade interessantíssima para qualquer aluno do IPS preparar e testar a sua ideia de negócio. Sendo um concurso de ideias realizado a nível nacional, ganha ainda maior dimensão e interesse participar. A juntar a isto há ainda o facto de existir um conjunto de ações e workshops associadas ao Poliempreende que visam capacitar os nossos alunos em áreas que, muitas vezes, não são as suas, principalmente quando vêm de cursos mais tecnológicos, como engenharias, ou até mesmo das áreas de saúde, onde determinadas matérias associadas à criação e gestão de negócios ou não são lecionadas ou não o são de uma forma aprofundada devido à especialização desses mesmos cursos em áreas mais técnicas, o que é compreensível. Por exemplo, um grupo de alunos de engenharia que queira criar uma App pode ser extremamente capacitado em tecnologia mas, para desenvolver a ideia, necessita de saber como desenvolver um modelo de negócio, como patentear a sua ideia, como criar a sua marca própria ou, até mesmo, como fazer uma apresentação ganhadora a potenciais investidores. O Poliempreende é um desafio interessante e muito enriquecedor, pois tem permitido a muitos alunos passar de uma simples ideia a um negócio real. As nossas equipas têm tido excelentes prestações no concurso nacional, incluindo primeiros lugares, o que demonstra, não só, o bom trabalho de todos os envolvidos (IPStartUp, alunos e mentores) como também o enorme potencial empreendedor dentro do IPS.
IPStartUp - A tecnologia está cada vez mais presente nas nossas vidas. Qual considera ser o papel da tecnologia na criação e desenvolvimento de novas empresas?
Rui Alves - Eu sou suspeito porque toda a minha vida estive ligado a negócios digitais. Mas é um facto que hoje a tecnologia ganhou uma dimensão para além do que tínhamos noção. A tecnologia está mais democratizada, mais fácil de entender, mais fácil de incorporar, mais barata e é vista como uma “ferramenta” essencial para qualquer empresa. Diria que, atualmente, são poucas as empresas que não dependam de tecnologia ou que não a usem como forma de complementar o seu negócio. Desde a jovem startup disruptiva que aplica algoritmos avançados em Inteligência Artificial, até ao dono de um restaurante que usa uma simples aplicação online para gerir as suas reservas, passando ainda pelas empresas que, cada vez mais, recorrem a ferramentas colaborativas para que os seus funcionários possam trabalhar online a partir de qualquer local, a tecnologia e os diversos formatos e aplicações que assume no presente, representam um papel importantíssimo no ecossistema empresarial que conhecemos.
A literacia digital deve ser vista como um objetivo importante a atingir, não só ao nível das empresas e dos seus gestores, mas também ao nível dos seus colaboradores. Numa das unidades curriculares que leciono na ESCE (E-Business) eu e a equipa com a qual trabalho ensinamos e aplicamos muitos dos conceitos de criação de negócios digitais a alunos que não são da área tecnológica, com o objetivo máximo de capacitar os nossos estudantes de Marketing, Recursos Humanos ou Distribuição e Logística para o facto de que, mesmo que não venham a criar negócios digitais, é extremamente importante conhecer tecnologia e a forma como esta pode ser aplicada nas empresas e nos negócios. Porque, inevitavelmente, eles irão deparar-se com tecnologia nos seus futuros empregos, quer seja ao nível de tomadas de decisão quer seja ao nível de utilização.