Maio 2022 Entrevista | De ideia a projeto: o percurso da Adopt4paws
De uma ideia pensada para uma unidade curricular da licenciatura em Marketing, a Adopt4paws nasceu. Aliando o gosto por animais e a necessidade de contribuir de forma sustentável para a sociedade, garantem que a missão principal é: combater o abandono animal, através da adoção inteligente, e sensibilizar para a importância do voluntariado em associações que trabalhem com animais em situações de risco.
Entrevistámos as suas fundadoras, Filipa Gonçalves, Marta Melo e Sandrina Lopes, que nos falaram sobre os desafios inerentes a se tornarem empreendedoras.
Contem-nos um pouco do vosso projeto. Qual foi a origem da Adopt4paws?
Filipa: A Adopt4Paws nasceu no âmbito da unidade curricular “Gestão de Recursos Humanos”, onde tivemos que construir um plano de recrutamento e seleção para uma empresa já existente ou criada por nós. Neste caso, nós decidimos criar uma de origem, a Adopt4Paws, que nasceu em tom de brincadeira. Estávamos numa sessão de brainstorming e pensámos em criar um tinder para animais, mas o nosso intuito é, mais do que arranjar encontros para os animais, arranjar um lar para eles.
Também foi fruto do nosso amor por animais e porque queríamos criar algo que fosse benéfico para a sociedade. No final do semestre, decidimos falar com a nossa professora, Célia Quintas, e avançar com o projeto. Foi-nos indicado o contacto com o professor Rui Alves, que nos incentivou a levar esta ideia para o Poliempreende.
O nome Adopt4Paws vem um bocadinho no seguimento da vossa ideia inicial, certo?
Filipa: Sim. Foi pelo objetivo de dar a conhecer a nossa ideia principal: combater o abandono animal através da adoção. Tivemos várias opções de nomes, mas foi neste que encontrámos um consenso.
A que necessidade tentaram responder com o vosso projeto?
Filipa: O objetivo principal foi combater o abandono animal através da adoção. Também queremos inserir, na aplicação, o voluntariado porque existem várias instituições que necessitam de mão-de-obra. Queremos ter também uma comunidade, onde as pessoas podem fazer perguntas e tirar dúvidas, mesmo com outros utilizadores da aplicação e, numa fase futura, queremos possibilitar um Marketplace para tentar ajudar negócios de menor dimensão e ainda sem presença no digital.
Nesta fase de prototipagem, estamos a focar-nos maioritariamente na adoção e no voluntariado.
Como diferenciam a Adopt4paws da concorrência?
Sandrina: Inicialmente, fizemos um estudo de mercado e verificámos que em Portugal não existia assim nada que fosse ao encontro da premissa que nós queríamos oferecer com a Adopt4Paws, que é juntar muitas funcionalidades numa só aplicação.
Nesta comunidade para animais, o principal fator de diferenciação é juntarmos a adoção com o voluntariado e o facto de ser uma adoção pensada consoante as preferências dos utilizadores. Tentamos unir pessoas e animais. Também queremos entrar em contacto com algumas clínicas veterinárias para ter especialistas a responderem a questões. E claro, vamos apostar fortemente nas redes sociais como o facebook e o instagram para manter aquela relação de proximidade que só através destes meios é que é possível.
Como foi a passagem pelo Poliempreende?
Sandrina: Foi um pouco assustador porque tivemos de desenvolver um plano de negócios e até um plano financeiro. A nossa ideia não tem propriamente fins lucrativos, mas precisamos dos lucros para alcançar o sustento do projeto. No entanto, em termos de aspetos positivos, não posso deixar de destacar as competências que conseguimos desenvolver, o pôr em prática muitos conceitos de marketing e o melhorar as competências de comunicação.
O Poliempreende permitiu-nos trabalhar numa ideia que havia nascido em contexto de uma unidade curricular e que tinha só, como finalidade, um processo de recrutamento e seleção imaginária. Desenvolvemos questões de modelo de negócio, de lucros, de público-alvo. Foi muito enriquecedor.
O facto de terem ficado em 3º lugar deu-vos alguma notoriedade e conduziu-vos também à IPStartUp. Como tem sido esse percurso?
Sandrina: O facto de termos ficado em 3º lugar permitiu-nos ser incubadas no IPStartUp e permitiu-nos também estabelecer uma rede de contactos com pessoas que se demonstraram interessadas em contribuir para o nosso projeto.
Marta: Nós não conhecíamos a IPStartUp antes. Por isso, fomos desenvolvendo o nosso projeto até sermos apresentadas à Sandra Pinto, que nos tem apoiado muito ao longo de todo o projeto. Através dela, fomos apresentadas ao professor Rui Madeira e, por consequente, à Albatroz Digital e aos estudantes de CTeSP que se encontram a desenvolver o nosso protótipo.
A Sandra tem sido o nosso apoio principal ao ajudar-nos a ultrapassar as nossas dificuldades, tais como o financiamento que deriva deste projeto sem fins lucrativos. Também tem sido uma ajuda a nível pessoal porque nos desafia a ultrapassar as nossas barreiras. Tem-nos dado todo o apoio com tutorias e mentores experientes.
Como pensam sustentar o vosso projeto financeiramente?
Filipa: Trata-se de uma organização sem fins lucrativos, então tem sido complicado conseguir financiamento. Tentamos ver cursos, financiamentos gerais, mas há alguns que não se enquadram muito na nossa ideia. Ainda estamos à procura. Até agora, a gestão de tudo tem sido feita através do prémio que ganhámos no Poliempreende, onde ficámos em 3º lugar.
Futuramente, procuraremos arranjar outros meios de sustento para esta ideia como, por exemplo, através do Marketplace e através de parceiros arrecadados. Claro que, só o poderemos fazer quando já tivermos desenvolvido o protótipo. Essa é a nossa prioridade e, enquanto isso, tentamos participar em alguns concursos para obtermos mais financiamento.
Quais os desafios inerentes a esta fase de prototipagem?
Marta: Quando começámos a pensar no protótipo, tínhamos ideias que, na prática, não eram assim tão fáceis de conseguir. Pensámos que alguns tópicos já estavam arrumados e, na verdade, foi preciso rever tudo. Tivemos de pensar em novos pormenores também como, por exemplo, o menu principal de adoção que não estava tão prático ou tão pertinente de ter naqueles moldes. O design foi todo alterado.
Somos três membros integrantes no projeto e as nossas opiniões e gostos conciliam-se muito. No entanto, trabalhar com opiniões externas nesta fase do projeto é muito bom porque eles alertam-nos para algumas questões técnicas, que não havíamos pensado ou que estávamos mesmo confiantes de que iria correr bem e que não se refletiu na prática.
Como é conciliar os dois mundos enquanto estudantes e empreendedoras?
Sandrina: Foi muito difícil, inicialmente. Começámos a nossa aventura com a Adopt4paws numa altura de semestre muito complicada e a nossa participação no Poliempreende apanhou mesmo essa fase mais critica da licenciatura. No entanto, como estávamos motivadas e dedicadas ao nosso projeto, acabámos por conseguir contornar as dificuldades inerentes.
Hoje em dia, já estamos mais aliviadas e estamos mesmo no término do curso. Com o estágio, vai voltar a ser intensivo, mas o segredo é a força de vontade. Com isso, tudo se consegue conciliar. Se acreditarmos na ideia e tivermos força de vontade, conseguimos encontrar quem nos ajude e conseguimos alcançar os nossos objetivos.
Que reflexão fazem do vosso percurso com a Adopt4paws?
Marta: Eu sinto que houve uma evolução muito positiva. Conseguimos muitas ajudas e várias pessoas, de certa forma, acarinharam a nossa ideia. Inicialmente, era algo bastante rudimentar que depois foi ganhando forma. É engraçado ver que uma ideia que surgiu numa unidade curricular está a tornar-se realidade. Essa é a parte mais recompensadora.
Que perspetivas futuras têm face à Adopt4paws?
Sandrina: De momento, queremos desenvolver esse protótipo. Num futuro próximo, aquilo que mais queremos ver é o protótipo finalizado para, com este, participarmos em outros tipos de concursos, angariar mais financiamentos e, a longo prazo, vermos pessoas a utilizarem a aplicação em Portugal e ver adoções a serem feitas pela Adopt4paws.