Janeiro 2024 | À conversa com Filipe Monteiro: cultivando empreendedorismo com impacto para a região
Professor nas áreas de Marketing & Vendas, Marketing Digital, Social Media e CRM na Escola Superior de Ciências Empresariais, o mentor Filipe Monteiro destaca o papel fundamental que o empreendedorismo tem assumido na sua vida.
Desde a criação da sua própria Academia de Marketing Digital até aos vários projetos dinamizados em parceria com o Grupo Renascença Multimédia e o IEFP, uma das suas preocupações tem sido o investir neste mindset empreendedor e partilhar o seu conhecimento com outras gerações de estudantes que desejem criar o seu negócio.
Em entrevista à IPStartUp, o mentor enfatiza a importância de uma incubadora académica para apoiar o desenvolvimento de negócios com impacto para a região e para o país. Lê o seu testemunho em seguida:
Qual o papel do empreendedorismo na sua vida?
O empreendedorismo alcança um papel muito importante na minha vida nos últimos três anos, com a criação da minha própria Academia de Marketing Digital e, mesmo sendo algo relativamente recente, tem sido algo que me dá uma alegria imensa em partilhar o meu conhecimento.
O que costumo partilhar é que o empreendedorismo acaba por ser “um bichinho”. A partir do momento em que mudamos o mindset e começamos a investir no nosso sonho ou projeto, as coisas mudam. Criar a minha Academia foi uma mudança de paradigma em que acabei por assumir esse papel de empreendedor mais ativo.
E ser empreendedor é um desafio porque muda toda a nossa forma de pensar, as nossas ações e o nosso planeamento do dia a dia. E com este projeto em curso, vejo novos projetos a nascer e a vontade de fazer mais e melhor.
Enquanto professor, como alcançar o potencial empreendedor dos estudantes?
Alcançar o potencial empreendedor não é uma tarefa fácil, principalmente se estivermos a falar de alunos que, por exemplo, ainda estão em licenciatura e a tentar perceber o seu trajeto futuro.
Depois há também uma mentalidade que nós, enquanto professores, assumimos de forma errada e acaba por nos levar a estarmos muito formatados para preparar alunos para entrarem no mercado de trabalho e integrarem organizações, quando o futuro profissional não tem de passar exclusivamente por aqui. E isso dificulta quando tentamos alcançar o potencial empreendedor, embora existam já algumas unidades curriculares muito voltadas para o empreendedorismo.
Existem também iniciativas dentro do IPS como o Poliempreende em que se dá essa mudança de paradigma para um mindset de empreendedor de forma natural e isso revela que existe espaço para que nós, enquanto professores, em conjunto com a IPStartUp, façamos um trabalho mais eficaz de fomentar o potencial empreendedor na comunidade e, mesmo que não abram o seu negócio ao terminarem a licenciatura, já lhes permite ir com este mindset de que existem mais caminhos.
Como é que podemos estimular mais o empreendedorismo em contexto de sala de aula? Com mais unidades curriculares, com mais trabalhos e projetos que envolvam o empreendedorismo, utilizando exemplos práticos de casos empreendedores. Há espaço para trabalhar mais essa vertente com os alunos.
Que ligação tem o empreendedorismo com a área de Marketing Management e Marketing Digital?
São duas áreas que caminham lado a lado. A esmagadora maioria dos meus clientes na Academia são empreendedores com o mindset de fazer crescer o seu negócio e, como costumo dizer, não há outro caminho para o fazer senão apostarem também no digital.
Dominar estas ferramentas é uma mais-valia porque lhes permite desenvolver essas skills de pensar digitalmente como um empreendedor e colocarem-se no papel do potencial cliente. Cada vez mais um marketeer, trabalhando o digital ou não, vai ter que desenvolver essas competências de pensar como um empreendedor, colocar-se na cabeça de quem está a pensar no seu negócio e, por isso, é que se torna tão importante investir nestas competências empreendedoras. É bom ver essa relação de complementaridade entre o empreendedorismo e o Marketing.
Enquanto mentor da IPStartUp, que importância atribui a uma incubadora académica para um estudante do ensino superior que queira empreender??
A IPStartUp tem aqui um papel muito fulcral, no sentido em que disponibiliza um conjunto de ferramentas interessantes e importantes para o desenvolvimento do estudante. Também o Poliempreende, enquanto um meio excelente para potenciar o empreendedorismo, permite que muitos estudantes comecem logo a desenvolver esse mindset de potenciais empreendedores desde o primeiro momento.
Outros alunos talvez só tenham contacto com esse ecossistema empreendedor mais tarde. No entanto, é importante que existam estas infraestruturas disponíveis nas instituições de Ensino Superior para receberem e acompanharem os seus estudantes. Até porque existem muitos estudantes com vontade de empreender e ideias para o fazer, no entanto, por falta de conhecimento, acabam por traçar esse percurso sozinhos e, se tiverem à sua disposição entidades como a IPStartUp, acaba por ser uma grande ajuda.
No fundo, torna-se também uma forma de reter talentos e estabelecer essa ligação de acompanhamento com a Comunidade Académica porque, ao invés de pedirem apoio a outras incubadoras de ideias, recorrem aos recursos internos do IPS que os pode ajudar também a escalar negócios a outro nível.
É uma forma de evitar que os estudantes cometam os erros que o tradicional empreendedor comente quando ainda não tem todas as competências necessárias para fazer crescer o negócio e aqui, numa incubadora académica, conseguem receber todo o apoio necessário para empreender e conseguem ser acompanhados por profissionais que já empreenderam e têm o seu conhecimento em negócios que lhes permite também acrescentar valor a toda esta fase de preparação do seu futuro negócio.
Qual a motivação para se tornar mentor da IPStartUp e como tem sido essa experiência?
Embora seja ainda uma experiência recente, tem sido algo muito importante para mim, na medida em que acredito que possa ser uma peça central naquela que é a missão do IPS e, mais concretamente, na minha missão pessoal de difundir este conhecimento na área digital ao maior número de empreendedores que tenham ambição de crescer através do mesmo.
Relativamente ao Poliempreende, que balanço faz da última edição do Poliempreende?
O Poliempreende é um caso de estudo muito interessante. Durante a minha licenciatura também no Instituto Politécnico de Setúbal, na Escola Superior de Ciências Empresariais, já se investia muito no Poliempreende e também eu participei no concurso e o facto de continuarem a investir tanto nesta iniciativa mostra que, ano após ano, o projeto continua a ser um caso de sucesso pela sua continuidade, mas também pelo número de empresas que nascem num concurso desta dimensão e que acabam por vingar no mercado de trabalho.
Esta oportunidade tem uma dupla vantagem, sendo a primeira toda a componente curricular transversal à licenciatura que os alunos ganham. E torna-se importante porque é algo extremamente valorizado pelo mercado de trabalho atualmente e pelos recrutadores que não valorizam apenas o percurso profissional, mas apostam naqueles que se desafiam a fazer mais. Depois, outra vantagem grande que acaba por ser mais difícil de mensurar, é que nos permite perceber o universo do Poliempreende e ver quantos projetos nascidos no concurso tornam-se em empresas e vingam no mercado de trabalho.
Por isso é que o Poliempreende acaba por ser uma iniciativa muito importante e que contribui para fomentar o espírito empreendedor no Ensino Superior, mas também um mecanismo e uma oportunidade que obriga os estudantes a pensarem no empreendedorismo como um caminho de integração no mercado de trabalho. Continuar a apostar nestes concursos e nestas oportunidades permite reforçar o empreendedorismo como uma alternativa futura.
Há muitos casos de sucesso e, felizmente, vemos algumas empresas que vingaram e que estão atualmente no mercado de trabalho através de iniciativas como estas. É, sem dúvida, algo para dar continuidade porque reforça o quanto é importante potenciar este talento empreendedor que pode dar cartas tanto para a região de Setúbal, como efetivamente a nível nacional.